segunda-feira, 4 de julho de 2011

Glicemia: Valores de referência

Hoje vou falar dos valores de referência da glicemia.

Em jejum de 8 a 14 horas, realizado com o plasma sanguíneo, isto é, um exame laboratorial, não é a glicemia capilar, aquela que aferimos com a gota de sangue, normalmente dos dedos:

Valor normal: De 70mg/dl até 110mg/dl.

Valor alterado, que deve ser investigado com novos exames: De 110mg/dl até 125mg/dl.

O valor igual ou superior a 126mg/dl em jejum, de acordo com o Ministério da Saúde sugere intolerância a glicose ou Diabetes Mellitus, o diagnóstico de Diabetes ou intolerância a glicose deve ser confirmado com a realização do mesmo exame em outro dia e com outro exame, o TTG-75g (Teste de Tolerância a Glicose).

TTG-75g: O paciente tem a glicemia aferida em jejum e logo recebe uma solução de 75 gramas de glicose com 300ml de água para serem ingeridos em 5 minutos, depois de 2 horas, a glicemia deve ser aferida novamente:

Normal: Igual ou menor que 140mg/dl.

Intolerância a glicose: de 140mg/dl até 199mg/dl.

Diabetes Mellitus: Acima de 199mg/dl.

Em crianças, a dose de glicose a ser ingerida é de 1,75 gramas por quilo.

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Bom, o diagnóstico de intolerância a glicose é relativamente novo e causa muita polêmica, a questão é que todos os pacientes com este diagnóstico, bem como os com o diagnóstico de qualquer tipo de Diabetes, devem mudar o estilo de vida, incluindo uma alimentação saudável com restrição de açúcares e carboidratos e a realização de atividades físicas regulares, confome a orientação médica e dos demais profissionais da saúde. Estes pacientes podem ter prescrição de alguns medicamentos orais, justamente para incentivar o pâncreas ou as células resistentes a insulina.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Insulinoterapia

Bom, agora que falamos sobre os tipos de insulina e seu armazenamento, vamos falar sobre a aplicação adequada...


Preparação:
  1. Lavar as mãos com água e sabão;
  2. Retirar o lacre de alumínio do frasco e limpar a tampa de borracha com um chumaço de algoão embebido em álcool (realizar a limpeza da tampa de borracha antes de cada aplicação);
  3. Rolar o frasco entre as mãos, cuidadosamente para homogenizar a solução;
  4. Retirar o protetor de plástico da agulha acoplada a seringa (caso sejam separadas, retirar o protetor plástico da agulha, acoplar a seringa e depois retirar o protetor da agulha);
  5. Puxar o êmbolo da seringa até atingir a quantidade de unidades prescrita;
  6. Injetar o ar da seringa no frasco de insulina;
  7. Virar o frasco para baixo com a seringa já inserida e aspirar a quantidade prescrita;
  8. Retirar as bolhas de ar que podem ficar dentro da seringa
Aplicação:


  1. Se a insulina estiver armazenada na geladeira, aguardar alguns minutos para a aplicação, para aumentar a temperatura da insulina e diminuir a dor na aplicação;
  2. Escolher o local de aplicação, distante pelo menos 2 centímetros do último local de aplicação;
  3. Limpar o local com algodão com álcool e esperar secar;
  4. Fazer uma prega cutânea, com o dedo polegar e indicador, definindo a área de aplicação;
  5. Pegar a seringa como se fosse um lápis e introduzir na pele no ângulo de 90°, no caso de pessoas muito magras, a injeção deve ser aplicada no ângulo de 45°, para evitar atingir o músculo;
  6. Empurrar o êmbolo até o final e retirar a agulha da pele lentamente;
  7. Realizar uma leve pressão no local com algodão com álcool.
Locais de aplicação:



É importante lembrar que a aplicação deve ser sempre 2 dedos longe do umbigo e 4 dedos longe da virilha e do joelho, pois são locais com muitos vasos sanguíneos.


Não é necessário puxar o êmbolo da seringa quando a mesma estivar inserida no tecido subcutâneo para verificar se há presença de sangue, porém se após a introdução da seringa no corpo apareça sangue na seringa, tanto a seringa quanto a agulha devem ser descartadas com a insulina e o processo deve ser iniciado desde o começo.


Os fabricantes de seringas e agulhas não recomendam a reutilização destes materiais, porém o Ministério da Saúde autoriza o uso do mesmo conjunto de seringa e agulha até 8 vezes, desde que utilizados pelo mesmo paciente e desde que a agulha não esteja danificada e o local de aplicação não tenha feridas ou sinais de infecção. Se você for utilizar mais de uma vez o conjunto, o mesmo pode ser armazenado na geladeira ou em temperatura ambiente, sempre tampado pelo protetor da agulha. Não podemos limpar a agulha com álcool porque o silicone que encobre a agulha pode ser retirado, tornando a aplicação mais dolorosa. nenhuma limpeza deve ser realizada na agulha.


Quando a aplicação de duas insulinas for realizada no mesmo momento, a de ação rápida ou ultrarápida deve ser aspirada antes e antes de aprirar as insulinas, as unidades respectivas de ar devem ser injetadas nos frascos para evitar vácuo.


As insulinas de ação utrarápida podem ser misturadas com NPH, Lenta e Ultralenta. A mistura em uma única seringa de insulina Lenta com Rápida ou NPH não é recomendada. A insulina Glargina não deve ser misturada com outros tipos de insulina pelo baixo ph do seu diluente.

O rodízio dos locais de aplicação é fundamental para garantir a absorção adequada da insulina e evitar alterações de pele como a lipodistrofia.

Tipos de insulinas

O tratamento com insulinas pode ser realizado por portadores de Diabetes Mellitus tipo 1, tipo 2 e gestacional.

O uso da insulina é necessário aos pacientes que produzem menos insulina do que o organismo necessita, a insulina age como um "funil" para o "açúcar" entrar nas células.

Existem diversos tipos e marcas de insulinas, que na maioria dos casos, são utilizadas juntas. No Brasil todas as insulinas disponíveis hoje são injetáveis e devem ser aplicadas no tecido subcutâneo:



Tipos de ação da insulina e seu nome genérico:

  • Ação ultrarápida: Lispro, Aspart e Glulisina - Devem ser usadas antes das refeições e na correção de hiperglicemias (níveis altos de glicemia). Início de ação: de 10 a 15 minutos.
  • Rápida: Regular - Deve ser usada de 30 a 60 minutos antes das refeições e na correção das hiperglicemias. Início de ação: de 30 a 60 minutos.
  • Intermediária: NPH - Deve ser usada para manter os níveis glicêmicos, é absorvida lentamente, tem um pico de ação entre a 6 e a 10 hora depois da aplicação. Dura de 14 a 18 horas.
  • Lenta: Glargina e Detemir - Também deve ser usada para manter os níveis glicêmicos, é absorvida lentamente e não tem pico de ação. Dura de 18 a 24 horas.
  • Pré misturadas: São formadas a partir da mistura da insulina intermediária (NPH) com uma insulina rápida ou ultrarápida (Regular, Lispro ou Aspart).
As insulinas devem ser armazenadas na geladeira, de 2 a 8° C antes dos frascos serem abertos. Os frascos em uso podem ser armazenados até 25° C, ao abrigo de luz solar e podem der utilizados em até 28 dias ou em até 6 semanas, dependendo do fabricante. É sempre importante ler a bula e identificar a orientação de armazenagem para cada tipo de insulina.


Medicamentos Orais para Diabetes

Boa noite pessoal!

Hoje vou falar um pouco sobre os medicamentos orais para o tratamento do Diabetes Mellitus, estes medicamentos podem ser usados apenas no tratamento do Diabetes Mellitus tipo 2.


Classe das medicações:

  • Biguanidas - Nome genérico: Metformina, Fenformina - Aumentam a sensibilidade das células à insulina e redução da produção hepática de glicose.
  • Sulfonilréias - Nome genérico: Glimepirida, Glipizida, Gliburida - Estimulam a produção de insulina pelas células beta das Ilhotas de Langerhans, localizadas no pâncreas.
  • Inibidores da alfa-glicosidase - Nome genérico: Acarbose, Miglitol (no Brasil, apenas a Acarbose está disponível) - Redução na digestão e absorção de carboidratos no intestino delgado.
  • Tiazolidinedionas - Nome genérico: Pioglitazona, Rosiglitazona - Aumentam a ação da insulina, sem alterar a produção da mesma e diminuem a produção hepática de glicose.
  • Meglitinidas - Nateglinida, Repaglinida - Aumentam a secreção de insulina, agindo nos canais de potássio (K+ATP) das células beta.
  • Inibidores de Dipeptidil Peptidase 4 (DPP 4) - Nome genérico: Sitagliptina - Aumentam a produção do hormônio GLP-1 e GIP, que aumentam a produção e secreção de insulina e reduzem a secreção de glucagon (hormônio que aumenta a glicemia) realizada pelo pâncreas.

A maioria destes medicamentos podem ser usados concomitantemente para auxiliar no controle glicêmico, sempre da forma orientada pelo endocrinologista, respeitando as doses e horários de administração.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Diabetes Gestacional

Ainda falta um tipo de Diabetes: o Gestacional!

O Diabetes Gestacional acontece quando há o aumento anormal da produção do hormônio lactogênio placentário, este hormônio faz com que a gestante consuma menos glicose. A função deste aumento é proporcionar maior quantidade de energia para o bebê, quando produzido além do necessário faz com que a glicemia fique aumentada.

Os fatores de risco para o Diabetes Gestacional são: idade superior a 25 anos, hereditariedade, hipertensão arterial sistêmica, baixa estatura, grande quantidade de gordura localizada na  região abdominal, ganho de peso maior do que o necessário na gravidez e muitos outros.

Os sintomas dos 3 tipos de Diabetes são os mesmos, porém como a mulher grávida apresenta diversos sintomas relacionados a gravidez, sente maior dificuldade em identificar os sintomas do Diabetes, porém no pré-natal são realizados exames para identificação desta alteração.

A partir do momento em que a mulher é diagnosticada com Diabetes Gestacional, ela apresenta uma gestação de risco e deve ser acompanhada por uma equipe multidisciplinar.

Depois do nascimento do bebê, ele deve ser monitorado porque quando ele está dentro du útero da mãe, apresenta o mesmo valor glicêmico dela e quando nasce pode sofrer hipoglicemias (diminuição do açúcar no sangue) até o organismo se adaptar.

A mulher que apresentou Diabetes Gestacional tem chances de desenvolver DM2 após o parto ou ao longo dos anos, por isso deve realizar um acompanhamento médico adequado.

Diabetes Mellitus tipo 2

Hora de falar um pouco sobre o Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2).

Este tipo de diabetes é caracterizado pela baixa produção de insulina do organismo ou pela resistência desta insulina perante as células, ou seja, quando as células tem dificuldade para identificar a insulina.

Os fatores de risco para o aparecimento da doença são: idade acime de 45 anos, hereditariedade, obesidade, hipertensão arterial sistêmica, sedentarismo e valores alterados no colesterol e triglicerídeos. Quem possui algumas destas características tem mais chances de desenvolver a doença, porém não significa que irá desenvolvê-la.

Os sintomas do DM2 são iguais aos do DM1, o que diferencia bruscamente é o tratamento, que vamos falar daqui a pouco...

Diabetes Mellitus tipo 1

Olá!

Hoje vou falar um pouco sobre o Diabetes Mellitus Tipo 1(DM1) ou Diabetes Juvenil.

Este tipo de diabetes ocorre quando há a destruição das Ilhotas de Langerhans, conjunto de células localizado no pâncreas. As Ilhotas de Langerhans possuem quatro tipos de células: Alfa, Beta, Delta e PP, cada uma delas produz um tipo de substância:

- Alfa: Glucagon (aumenta a glicemia)
- Beta: Insulina e Amilina (diminui e estabiliza a glicemia)
- Delta: Somatostatina (inibe a secreção de Insulina e Amilina)
- PP: Polipeptídeo Pancreático (função indefinida, atua no estômago, controlando as secreções gástricas)

Os diabéticos tipo 1 não produzem nenhum destes hormônios.

A causa do DM1 não é conhecida em todos os casos, os fatores de risco para o desenvolvimento da doença são: hereditariedade, depressão ou estresse e o contato com determinados vírus ou bactérias.

Na maioria dos casos, o DM1 é identificado em pessoas com idade abaixo de 35 anos.

Os sintomas mais comuns são:

- Polifagia (muita fome)
- Polidipsia (muita sede)
- Poliúria (muita produção de urina)
- Fadiga e dor no corpo, principalmente nas pernas
- Visão embaçada
- Emagrecimento

Porque estes sintomas aparecem?

A insulina é um hormônio que faz com que a glicose (açúcar) entre nas células, como se fosse um "funil". Sem a produção de insulina, a glicose fica na corrente sanguínea porém o organismo fica sem energia porque não consegue utilizar a glicose, a falta de energia faz com que a gordura seja utilizada por isso o paciente pode perder peso.
A fome excessiva aparece pelo mesmo motivo, o organismo entende que não tem energia para gastar, então aumenta a necessidade de alimentos.
A falta de energia causa casaço, fadiga e dores no corpo porque o organismo está tentando economizá-la.
Nosso corpo, quando percebe que a glicemia está alterada, quer diminuir esta taxa, com a ingestão de água, esta glicemia é diluída.
Se bebemos mais água, urinamos mais.
A visão embaçada acontece porque a glicemia faz com que os pequenos vasos sanguíneos sequem.

Sabem aqueles vasinhos nas pernas, que tanto incomodam as mulheres? Muitas vezes são tratados com aplicações de soro glicosado, isto é soro com glicose, pois a glicose seca os pequenos vasos do corpo, por isto todos os diabéticos devem tomar cuidado e fazer exames para identificar se as funções principalmente dos rins, pés e olhos estão adequadas, já que são os locais com os menores vasinhos do corpo.

Por enquanto é isso!

Beijos!